O problema é que as filosofias de negócio da Apple e do Facebook são diametralmente opostas uma à outra.
Num discurso recente em Bruxelas, no Dia Internacional da Privacidade de Dados, o CEO da Apple, Tim Cook partiu para a ofensiva contra Mark Zuckerberg e Facebook. O discurso de Cook parece ser uma resposta direta ao recente ataque do Facebook à Apple, em que a maior rede social do mundo publicou anúncios de página inteira em vários jornais atacando as novas mudanças de privacidade da Apple.
A Apple pode não ter a estratégia de produto mais transparente, mas quando se trata de privacidade de dados, a empresa liderada por Tim Cook não brinca em serviço. Desde 2018 que Tim Cook aponta como prioridade uma maior privacidade de dados dos seus utilizadores.
Neste artigo vão encontrar:
O mais fascinante é que Cook atacou diretamente o Facebook, sem nunca mencionar o nome da empresa.
Ora vejam a elegância do Tim Apple Cook:
A tecnologia não precisa de uma grande quantidade de dados pessoais reunidos em dezenas de sites e aplicações para ter sucesso. A publicidade existiu e prosperou por décadas sem ela, e estamos aqui hoje porque o caminho de menor resistência raramente é o caminho da sabedoria.
Se uma empresa se baseia em enganar os utilizadores quanto à exploração de dados, com base em escolhas que não são opções, então não merece o nosso elogio. Ele merece reforma.
-Tim Cook CEO Apple
Num momento de desinformação desenfreada e teorias de conspiração alimentadas por algoritmos, não podemos fechar os olhos à teoria da tecnologia que diz que todas as interacções são positivas, quanto mais longa for a interacção melhor, e tudo com o objetivo de recolher tantos dados quanto possível.
Quais são as consequências de priorizar as teorias da conspiração e o incitamento à violencia apenas para ter mais utilizadores a passarem mais tempo na plataforma?
Quais são as consequências de não apenas tolerar, mas recompensar o conteúdo que mina a confiança do público em vacinas que salvam vidas?
Quais são as consequências de ver milhares de utilizadores aderir a grupos extremistas impulsionados por um algoritmo que recomenda ainda mais?
Esta é a altura ideal para parar de fingir que essa abordagem não tem consequências.
Um dilema social não pode tornar-se uma catástrofe social.
O facto de Cook não nomear o Facebook de alguma forma aumenta o impacto. Porque, ao ouvir o discurso de Cook, não conseguimos deixar de pensar imediatamente na casa que Zuckerberg construiu.
Se querem saber como a Apple e o Facebook entraram em conflito, podem ler mais detalhes aqui.
A realidade é que estes dois gigantes da tecnologia estão a encaminhar-se para um grande conflito há algum tempo.
O problema é que as filosofias de negócio da Apple e do Facebook são diametralmente opostas uma à outra.
A Apple é uma marca de estilo de vida. E parte do estilo de vida que a Apple vende é que os utilizadores têm mais controlo sobre a sua privacidade.
O Facebook, por outro lado, está no negócio de dados. Quanto mais dados recolhem dos utilizadores, mais eficazmente conseguem vender anúncios direcionados.
Mas recolher e vender todos esses dados tem um preço, como destaca Cook. “O resultado final de tudo isso é que o utilizador não é o cliente”, disse Cook. “Mas sim o produto.”
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Fundador do Androidgeek.pt. Trabalho em TI há dez anos. Apaixonado por tecnologia, Publicidade, Marketing Digital, posicionamento estratégico, e claro Android <3
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