Análise iPhone 12. Um regresso ao passado com os olhos no futuro

Quando vi o iPhone 12 ao vivo, confesso que tive um déjà-vu há 10 anos atrás, com aquele formato “flat” e imediatamente aquela sensação de amor à primeira vista com o design que ainda hoje, não só para mim, mas para muitos, o mais bonito design de sempre num iPhone.  

Mas nada disto é surpresa, afinal trata-se do “back to basics” ainda projetado pelo Steve Jobs que culminou no iPhone 5 (o último modelo com a “assinatura” Steve Jobs). 

iPhone 12 Design

O “novo” design acaba por trazer com ele um ecrã OLED de última geração e quiçá dos melhores que temos no mercado. Alem disso foi refinado em pormenores subtis como os botões laterais e claro está o preenchimento praticamente total do ecrã. 

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Apesar de muito maior que o seu irmão mais velho iPhone 4, segura-se muito bem e mesmo com 6.1” com uma mão chega-se a todo o lado. O design Premium é realmente notório e nada que não estejamos habituados na marca. Confesso que sabe bem agarrar no telefone e se existe telemóvel em que não queremos colocar capa é este. Mas … para dormirmos descansados tem de ser e um vidro no ecrã é também muito recomendado. 

Aliás neste capítulo o vidro do iPhone 12 é extremamente frágil a riscos, isto deve-se curiosamente ao novo tipo de material, mais duro e resistente contra quedas. Só que quando mais duro é o material, mas propenso a riscos fica, por isso todo o cuidado é pouco.  Recomendo uma pelicula com certificação 9H e 98% luminosidade. 

iPhone 12 Som

O som estéreo é muito bom, acima da média do que já vi em outros modelos, com excelente balanceamento, bem equilibrado (eu sou um viciado nesse capitulo) e não desilude mesmo com as pequenas colunas que é normal num telemóvel. 

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Carregamento por cabo lightning ou sem fios, desta vez com a “novidade” mag-safe que confesso não me ter cativado nem achar grande piada à ideia. Acho que é mais uma tentativa da Apple estudar remover de vez o carregamento por fios ao invés de adotar um carregamento USB-C como todos os outros fabricantes. 

Isto porque se o objetivo do carregamento sem fios é pousar e levantar o telefone facilmente, então o mag-safe é inútil, porque requer que tenhamos de segurar o telefone para colocar e tirar do disposivo… a justificação que é para carregar melhor, para mim não cola, uso carregamento sem fios há mais de 5 anos e nunca tive um único problema de carregamento sem fios, independentemente se tiver mais acima ou mais abaixo. 

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iPhone 12 Desempenho e apps

Se existe coisa que este iPhone se pode gabar é a sua performance, o telefone realmente voa e com o iOS 14 estamos realmente com o melhor que a Apple fez até hoje. 

Para terem uma noção já estou habituado aos 90 hz no mínimo de refresh rate em ecrãs e confesso que estava apreensivo ao usar este iPhone por esse motivo, uma vez que “apenas” tem 60hz, só que a otimização da Apple faz com que os 60hz sejam de tal forma impercetíveis com a fluidez que o dispositivo apresente. Aliás fiz alguns testes e em algumas vezes a fluidez era superior “apenas” com 60hz.

A RAM presente chega e sobra, posso ter facilmente 15 apps em background ao mesmo tempo sem problemas e o iOS nesta versão está realmente a fazer uma boa gestão de memória, embora existam já no mundo android, outros equipamentos a fazerem um melhor trabalho nesse campo, longe vai o tempo em que o iOS estava muito à frente. 

Quanto às apps que uso a esmagadora maioria são iguais no iOS ou no Android, embora existam diferenças com algumas apps a terem melhor design no iOS, no entanto outras como o Facebook por exemplo tendem em ser muito mais complicadas em termos de UI/UX no iOS que no Android o que é alguma surpresa.

Também notei alguma latência na fluidez por exemplo no instagram, mas por outro lado e apesar de não jogar muito, os jogos que testei normalmente arrancam 1 a 2 segundos mais depressa que nos flagship Android. 

Mas no geral as apps iOS são mais polidas quando existem diferenças e mais viradas para um público que está apto a gastar dinheiro nas mesmas. A única forma do Android alguma vez conseguir virar, isto é, quando os seus utilizadores começarem a dar valor às apps que estão no ecossistema e perceberem que para os programadores / empresas colocarem mais funcionalidades e novidades têm de ver os seus investimentos dar frutos, afinal, todos nós que trabalhamos gostamos de receber ao final do mês. 

iPhone 12 Bateria

Passando para a bateria, e sendo ela muito mais pequena que os seus concorrentes Android, a verdade é que se aguenta na média com os seus oponentes, no entanto verifiquei que na primeira semana de uso, a bateria durava muito pouco, talvez por os algoritmos estarem a “aprender” o meu uso diário, o certo é que depois de uma semana a bateria finalmente ficou no ponto. 

Uma coisa que noto e já há várias gerações de iPhones é que eles quando são puxados começam a aquecer muito, de tal forma que não é nada confortável manusear, sendo que as capas conseguem atenuar o efeito, mas não deixa de ser algo que deveria estar há muito resolvido.  

iPhone 12 a fotografia…

Confesso que este é o ponto que mais dou valor e aquele que mais perco tempo a realizar trabalhos, sim, porque além de exposições, também vendo fotografia feita em telemóvel, embora a fotografia para mim não seja uma profissão, mas sim um hobbie que levo a sério como arte que é.  

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Falar de fotografia hoje em dia e não falar de smartphones é algo que não pode ser ignorado, ainda mais os iPhones que são normalmente os mais populares dispositivos para captar fotografia no mundo ocidental. Até há bem pouco tempo era mesmo a marca que mais contribuía para as fotografias captadas em todo o mundo, relegando todas as máquinas DSLR, Mirrorless, Compactas, Bridge para umas miseras percentagens de mercado. 

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HEIFF câmara nativa – boa luz

Apesar de hoje em dia já não ser a Apple a ditar as regras neste segmento, continua a produzir uma excelente câmara fotográfica e o iPhone 12 é mais um passo nesse sentido. 

Com o mesmo sensor há várias gerações, o que tem sido melhorado é a disposição das lentes e acima de tudo o processador de imagem. Assim, penso que este iPhone 12 será o último com este sensor, pois o software que poderia ser optimizado já está mesmo no máximo, a partir daqui tem de se aumentar o sensor, coisa que o seu irmão iPhone 12 Pro Max já tem. 

Começando por falar na fotografia mais básica que é aponta e clicar, posso dizer que é talvez o melhor equipamento que temos no mercado, a Apple compreende como ninguém que é aqui que muita gente está interessada, não oferece grandes opções na sua camara nativa e descomplica qualquer opção mais “ousada”. Não será surpresa por isso dizer que todas as fotos ficam bem com boa luz e que quem esteja a fotografar saiba o mínimo de fotografia. 

Por defeito e pela primeira vez a Apple introduziu o modo de deteção de cena, no entanto o utilizador não é avisado que esta opção está activa e para desactivar tem de mergulhar no complexo menu de definições de camara, algo que a Apple já devia ter revisto há vários anos, não se compreende que isto acontece em 2020, mas está lá e pode-se desactivar para quem não queira fotos tão “agressivas” e mais naturais. 

Também por defeito temos o famoso formato HEIFF ao invés do JPG, algo que hoje não é problema já que quase tudo suporta esse formato e mesmo sendo menor (quase metade) que o tradicional jpg a qualidade é a mesma. 

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JPEG slow shutter app – “blue hour”

Mais tecnicamente, as cores são agradáveis, extremamente fiéis e no teste de fotografar tendo presente as 3 cores primárias, algo muito difícil para muitos sensores, o iPhone é mesmo dos melhores nesse capítulo, com uma reprodução exemplar de cores. 

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A faixa dinâmica é também muito boa, conseguindo vários “stops” sem qualquer problema e estando acima da média, até comparando com muitas máquinas dedicadas. Com o HDR 3 a Apple coloca num patamar acima a captura com altos contrastes e faz um trabalho muito bom. 

Além da lente wide normal e desta vez com uma velocidade maior (f/1.6) vem também a super wide com 120º que se destaca por não fazer muita distorção e manter os níveis de cor e desempenho semelhantes ao da lente principal.  

Uma das diferenças para os irmãos Pro é que não tem uma lente teleobjectiva (zoom) mas dado que as lentes zoom do pro se ficam pelas 2x (52mm) ou do pro max 2.5x (65mm), os 27mm da lente principal (igual em todos tal como a super wide de 13mm), dá conta do recado e com uns passos em frente fica resolvido. Coisa diferente era falarmos de zoom optico como alguns dos seus concorrentes com lentes 5x de 135mm ou 10x de 270mm.  

Também o modelo 12 não traz o sensor LIDAR (que considero muito marketing e pouco uso real), que só funciona em locais de pouca luminosidade e apenas no modo de retrato. 

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JPEG slow shutter app – longa exposição com pouca luz

Quanto ao modo noite, ele existe e vem melhorado, as fotos que tirei são bem balanceadas, com bom detalhe e boa luminosidade. Contudo em cenários mesmo muito escuros, existem outras opções que facilmente têm melhores resultados.  

Para tirarmos todo o potencial da camera, e poder controlar quase tudo, desde a velocidade de obturação, ISO, balanceamento de brancos, RAW, etc…, infelizmente temos de comprar uma boa app de fotografia, mas felizmente existem muitas e boas na Apple Store.

Eu recomendo a Halide, ProCamera e Slow Shutter para efeitos de arrastamentos de luz ou longas exposições (embora sejam emuladas). 

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RAW -> JPEG Halide – pouca luz

Uma das limitações dos iPhones continua a ser as velocidades de obturação que continua a ser impossível abaixo de 1 segundo, hoje em dia qualquer telemóvel android de gama média baixa já oferece pelo menos 8 … já nem falo dos 30 nos topos de gama. No entanto em altas velocidades o sensor oferece 1/12000” o que é uma rapidez mais que suficiente para congelar uma borboleta em pleno ar bem definida. 

Já no ISO a limitação é nos 5800 também aqui abaixo dos topos de gama android e muito longe dos 409600 da linha Huawei P30, P40, MATE 30 e MATE 40.

Como a fotografia não é apenas para redes sociais, eu normalmente imprimo muitas das fotos que faço, por isso é fundamental que as fotos dos equipamentos tenham qualidade suficiente para esse fim. Testei vários formatos e tamanhos e até 20×30 as fotos saem com excelente qualidade, já em 30×40 nota-se as suas limitações e apesar da esmagadora maioria dos seus concorrentes se encontrem neste patamar, existem melhores opções para quem procura impressões maiores. Já agora convém lembrar que nada disto se deve a ter “apenas” 12 mpx, pois esses chegam e sobram para um telemóvel e sensores deste tamanho. Aliás faz melhor trabalho este sensor de 12 mpx que alguns de “topo” com 108mpx. 

E o ProRAW ? 

Esta novidade da Apple não está presente nos modelos 12 normal e mini, no entanto pelo que testei não se perde muito (pelo menos para já). Na realidade este formato da Apple nada mais é que uma edição do próprio RAW e depois reconvertido novamente em RAW já com alguns dos ajustes da Apple. Só que o propósito do próprio RAW é a liberdade de fazer a edição do zero e ser criativo e o ProRAW rouba isso ao fotografo. Além disso é notório que a redução de ruído aplicado é tanto que amassa as fotos na maioria das vezes sendo impossível depois recuperar os mesmos. A não ser que a Apple melhore este formato, não o posso recomendar a quem quer editar a sério os seus trabalhos. Por isso o melhor é continuar a fazer em RAW que este modelo também suporta e claramente não vão sentir falta deste ProRAW. 

Resumindo, apesar de não desiludir em nada na fotografia, tem as suas limitações que convém conhecer bem para tirar partido do que o equipamento faz. Como eu costumo dizer, hoje em dia não existem máquinas que tirem más fotos, existem é muitos maus “fotógrafos “. 

iPhone 12 e o Video…

Apesar de ter conhecimento na área de fotografia o mesmo não acontece no vídeo, conheço bem as tecnologias, mas não o que pode ou não fazer um equipamento melhor no vídeo, então fico-me pela opinião de um consumidor tal como qualquer outro. 

A Apple introduziu nesta nova linha de iPhones o vídeo Dolby Vision que clama ser superior ao HDR 10 e … só posso dizer que não só está no papel como a diferença é mesmo muito maior. As cores, a nitidez, o brilho, a faixa dinâmica é qualquer coisa de espetacular. Enquanto o HDR, HDR+, HDR10, HLG as diferenças são muito poucas, com o Dolby Vision é mesmo uma coisa bastante diferente, o único senão é que existem muito poucos dispositivos que o consigam depois visualizar, curiosamente experimentei ver os vídeos gravados pelo iPhone 12 em HDR Dolby Vision num Huawei Mate 40 Pro e a qualidade é bastante superior que ver no próprio iPhone. 

iPhone 12 ecrã…

O ecrã OLED do iPhone 12 é maravilhoso, com grande qualidade em reprodução fiel de cores com 100% do espaço RGB e 99% do P3, além disso com a adição do HDR Dolby Vision estamos perante um dos melhores painéis alguma vez feitos no telefone. Aliás existem sites da especialidade que o dão como o melhor painel de sempre, estando mesmo 99.9% perto da perfeição. 

No entanto e como refiro na secção de vídeo, acho que o ecrã do Huawei Mate 40 Pro muito mais capaz em termos qualitativos que o do iPhone 12 no que ao vídeo diz respeito. 

Conclusão análise iPhone 12

Este equipamento chega ao mercado português pelo preço de 929€ versão 64GB (que não recomendo) e por 979€ de 128€ que é para mim o melhor preço/beneficio e também com 256Gb por 1099€. 

Para encontrar um topo de gama Android por estes preços já começa a ser difícil e dado o valor de mercado que os iPhones têm faz deste equipamento um valor seguro no futuro. 

Coisa diferente diria em relação aos modelos Pro e Pro Max, onde o valor que trazem a mais não justificam o valor quando comparados com os seus concorrentes Android. 

 

Este artigo foi escrito pelo nosso amigo Bruno Januário cujo trabalho podem seguir nas suas redes sociais e página pessoal identificadas abaixo.

 

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