Introdução
Com a chegada do LG G5 e passado quase um ano do seu lançamento, decidimos descobrir se o LG G4 ainda é um bom negócio.
Como sucessor do LG G3, apresenta melhorias nas melhores características do G3 e ainda mais algumas novidades. No entanto fica a ideia de que foi um smartphone um pouco subvalorizado pois teve a infelicidade de ter sido lançado no mesmo ano da gama Galaxy S6 que acabou por ofuscar a concorrência.
Design: numa palavra… curvas
Num ano em que a maioria dos topos de gama das grandes marcas apostaram em metal e vidro, a LG (como tem vindo a ser hábito) optou por uma abordagem diferente. O LG G4 parece uma espécie de fusão entre o G3 e o G Flex 2 apresentando um design com linhas curvas que lhe conferem um aspeto único no mercado mobile. Já para o sucessor do G4, o LG G5, a empresa coreana finalmente escolheu uma construção em metal tornando-o no primeiro da linha “G” a usar este material. As inovações no design não ficam por aqui pois o G4 vem em duas variantes à escolha: uma com corpo integralmente em plástico (e um padrão em diamante na parte de trás) e outra com a traseira em cabedal genuíno. Em ambos os casos a tampa é removível dando-nos a possibilidade de substituir a bateria e ainda usar um cartão micro SD. Estas duas últimas características também são partilhadas pelo seu “mano” mais novo (o G5).
Em mãos o G4 é extremamente ergonómico para o tamanho, em grande parte devido ao design em arco adotado do G Flex 2, embora não tão acentuado. Com apenas 155g e um ratio ecrã/corpo de 72,5% torna-se numa delícia de operar. Dentro da gama das 5,5” de ecrã foi sem dúvida o smartphone mais fácil de manusear que já experimentei, sendo mesmo possível utiliza-lo com apenas uma mão. Claro que este estiloso design curvo também tem as suas desvantagens, como o facto de ser muito complicado usar o telefone pousado em cima de uma mesa, uma vez que a sua curvatura faz com que balance cada fez que clicamos no ecrã.
Na parte frontal o G4 apresenta uma moldura muito fina à volta do ecrã de 5,5” que domina por completo a parte da frente. Por cima do ecrã está situada a câmara de selfies, um LED de notificações e os habituais sensores. As laterais do G4 estão completamente desprovidas de botões, uma vez que a LG voltou a apostar naquilo que se tornou um pouco a sua imagem de marca (desde o LG G2), isto é, a colocação do botão power e dos botões de volume na parte traseira do telefone. É daquelas coisas…primeiro estranha-se, mas depois entranha-se. A verdade é que a colocação dos botões acaba por fazer todo o sentido, uma vez que ficam mesmo onde o nosso dedo indicador está quando seguramos o smartphone. Infelizmente esta configuração de botões não está presente no LG G5 que, como já se sabe, tem como cartão de visita um inovador design modular onde a parte de baixo do smartphone pode ser retirada e substituída por módulos que acrescentam funcionalidades extra.
Hardware e Performance: às vezes menos, é mais!
Características Técnicas | |
Processador | Qualcomm Snapdragon 808 |
Sistema Operativo | Android 5.1 Lollipop |
Ecrã | 5.5” Quad HD IPS Quantum Display (2560 x 1440, 538ppi) |
Armazenamento | 32GB eMMC ROM, microSD card até 128GB |
Memória RAM | 3GB LPDDR3 RAM |
Câmara traseira | 16MP com abertura f/1.8 e EO |
Câmara frontal | 8 MP com abertura f/2.0 |
Bateria | 3,000 mAh |
Dimensões | 148.9 x 76.1 x 6.3-9.8 mm |
Peso | 155 g |
Redes | 4G / LTE / HSPA+ 21 Mbps (3G) |
Conectividade | Wifi 802.11ac / Bluetooth 4.1LE / NFC / USB 2.0 |
Talvez com receio dos problemas de sobreaquecimento das primeiras versões do Snapdragon 810, a LG optou mais uma vez por um caminho diferente dos seus concorrentes equipando o seu topo de gama de 2015 com um processador em teoria mais fraco, o Snapdragon 808. Apesar de este processador de “apenas” 6 núcleos (4 a 1,44GHz e 2 a 1,82GHz) perder 2 núcleos para o SD 810, a LG fez um trabalho notável de optimização e juntamente com os 3GB de RAM e a GPU Adreno 418, providencia uma experiência muito suave aos utilizadores do G4. Há mesmo rumores que indicam que a LG trabalhou de perto com a Qualcomm de modo a poder garantir que a performance do LG G4 não ficaria aquém da de um verdadeiro topo de gama. E de facto foi isso que verifiquei na maior parte do tempo que usei este smartphone.
(fonte: Extreme Tech)As mais variadas tarefas como chats, redes sociais, música, navegação, visualização de vídeos e multitasking são executadas sem o menor soluço. As únicas ocasiões em que o LG G4 vacilou foram transições de menu ou vídeo em jogos mais exigentes graficamente, como o MKX ou o N.O.V.A. 3, mas ainda assim foram mínimas as pausas. Como é habitual recorremos à famosa aplicação de benchmarking, o Antutu, para quantificar a performance do G4. O resultado foram uns ótimos 64.500 pontos.
Com o LG G5, que recentemente foi apresentado pela empresa Sul Coreana no MWC 2016 em Barcelona, a LG decidiu não correr riscos e satisfazer a crítica equipando-o com o mais poderoso processador da Qualcomm até à data, o Snapdragon 820. Este prodígio de potência obtém nada mais, nada menos que cerca de 131.000 pontos no Antutu Benchmark!
No que diz respeito ao som, o LG G4 está equipado como uma única coluna situada na parte traseira do smartphone. Apesar de isso significar que a LG manteve o hábito (irritante) de não oferecer som stereo e de a localização da coluna não ser ideal, o som do G4 é bom, limpo e equilibrado mas sem deslumbrar. Um aspeto muito positivo nesta área é a qualidade do som durante as chamadas que é excelente com este telefone, deixando outros topo de gama a alguma distância, como o Sony Xperia Z5 Premium por exemplo.
Ecrã: 4xHD será demais?
Chegamos à característica que muitos consideram ser a mais importante de um smartphone: o ecrã. É que afinal de contas é o componente mais usado num telemóvel hoje em dia e por isso mesmo tem a sua secção dedicada.
O LG G4 vem equipado com um ecrã LCD IPS de 5,5” Quad HD, isto é, com uma resolução de 2560 x 1440, que resulta numa densidade de pixéis de 538ppi. A grande diferença para o seu antecessor, o G3, é inclusão da tecnologia Quantum Dot, que usa partículas incrivelmente pequenas (do tamanho de 50 átomos aproximadamente). É precisamente o seu tamanho reduzido que permite controlar melhor a quantidade de luz emitida. Em teoria, tudo isto deve ser traduzido num brilho máximo mais elevado, melhor representação e maior saturação de cores.
De facto o ecrã do LG G4 tem tudo isso quando comparado com ecrãs IPS “normais”. Além de oferecer ótimos ângulos de visão, as cores do seu ecrã são precisas e vibrantes mas não tão vibrantes ou saturadas como as de um ecrã Super AMOLED. Acima de tudo interessa reter que o ecrã do G4 é excelente e muito agradável à vista. A mesma resolução e tecnologia pode ser encontrada no mais recente equipamento da gama G, o G5, que conta com um ecrã ligeiramente inferior de 5,3” e um ecrã secundário semelhante ao do LG V10.
Voltando ao G4, um dos fatores que considero mais negativos no seu ecrã é o facto de que quando em brilho automático e em condições de pouca luz, a luminosidade do ecrã descer para valores demasiado baixos, que no meu caso obrigou a ajustar manualmente este parâmetro inúmeras vezes.
Na minha opinião a resolução Quad HD (ou 2k) continua a ser excessiva para um smartphone de 5,5” ou menos. Defendo a ideia de que não existe diferença significativa a olho nú entre uma resolução Full HD e Quad HD num smartphone desse tamanho. Seria preferível ver LG apostar num ecrã “apenas” Full HD, melhorando assim a duração da bateria…mas já lá vamos.
Bateria: não há smartphones perfeitos
No capítulo da energia, a LG não fez grandes progressos desde o G2 ou do G3 e colocou no G4 uma bateria com a mesma capacidade, 3000mAh. Com uma utilização no dia-a-dia à base de chat, redes sociais, consultas no browser, sempre com Wi-Fi e dados ligados e cerca de 1h de jogos, infelizmente foram raras as vezes em que consegui chegar ao final do dia com bateria a sobrar. Em média o tempo de ecrã ligado foi inferior a 3h, que fica aquém de outros topos de gama como o Sony Xperia Z5 Premium com os seus 3430mAh e 4h de ecrã ligado.
Mas nem tudo é mau e, talvez para tentar colmatar a pouca duração da bateria do G4, a LG incluiu a tecnologia QuickCharge 2.0. E como já vimos anteriormente existe a possibilidade de remover a tampa traseira para substituir a bateria.
Ainda assim, não posso deixar de referir novamente que se a escolha de resolução de ecrã tivesse recaído sobre o Full HD, provavelmente diríamos maravilhas da bateria do LG G4. Outra possível justificação para a fraca performance energética deste smartphone pode ser falta de otimização de alguns processos ao nível de software, uma vez que mesmo em standby, o consumo de energia foi elevado.
Curiosamente o LG G5 tem uma bateria ainda inferior, com capacidade de 2800mAh, compensada por um processador mais moderno e eficiente.
Câmara: o melhor de tudo
A concorrência neste departamento foi muito feroz em 2015 por parte da Samsung e da Apple com as câmaras do Galaxy S6 e o iPhone 6s. Com tanta competitividade, quem ganha é o consumidor e portanto cada vez mais a tendência será para andarmos com autênticas câmaras fotográficas profissionais no bolso.
Atrás, o LG G4 conta com um sensor de 16 MP com uma abertura de lente de f/1.8 que na prática permite a captação de mais luz em condições com fraca iluminação. Outras características incluem um flash de LED, estabilização ótica, modo HDR, gravação de vídeo em 4k e um sensor de espectro de cor por infravermelho. Este último sensor é particularmente importante uma vez que “analisa” a cena e ajusta os diversos parâmetros (como o equilíbrio de brancos por exemplo) de modo a otimizar o resultado final. Todas estas tecnologias combinadas produzem fotos absolutamente fantásticos, com extrema nitidez e excelente reprodução de cores nas mais variadas condições.
Temos possibilidade de tirar fotos em três modos diferentes: Simples, Auto e Manual. No modo simples, basta clicar no ecrã para captar a cena. O modo Auto permite mais alguma personalização como tirar fotos panorâmicas ou usar HDR. Como tem vindo a ser habitual nos topos de gama, temos ainda à disposição o modo manual onde podemos alterar à nossa vontade valores de ISO, exposição e até a focagem.
Devo dizer que de todas as boas características do LG G4, esta é sem dúvida alguma a melhor.
A LG não esqueceu quem gosta de tirar selfies e incluiu uma câmara frontal de 8MP com a possibilidade de tirar fotos por gestos. Por exemplo, fechando a mão em frente à camara inicia uma contagem decrescente. Honestamente, este sensor frontal secundário faz inveja a muitas câmaras que hoje em dia vimos incluídas em equipamentos de gama média ou baixa.
Neste departamento, a grande novidade do G5 é a inclusão de duas camaras traseiras, uma de 8MP e campo de visão de 135º, e uma de 16MP com campo de visão de 78º.
Aqui estão algumas das fotos que tirei com a câmara traseira do G4:
Software e Interface: Simples e eficaz
Do ponto de vista do software o G4 corre o Android Lollipop 5.1.1 de origem, personalizado pela LG através da sua “skin” Optimus UX 4.0 UI. Sem se afastar muito às diretrizes da Google no que diz respeito ao “Material Design”, a LG incluiu algumas características interessantes na sua interpretação do Android, como a possibilidade de dividir o ecrã usando duas apps, executar certas aplicações em modo janela e ainda alterar a configuração dos botões virtuais.
Está também disponível o modo Smart Settings que permite alterar automaticamente certas definições (como o Wi-Fi ou Bluetooth) com base na localização e ainda o ecrã Smart Bulletin, que serve como uma espécie de agregador de informação de algumas aplicações.
Para tentar esticar ao máximo a duração da bateria do G4, a LG disponibiliza um modo de poupança de energia relativamente básico que desliga a vibração, diminui a luminosidade e permite restringir os dados em segundo plano. Para poupar bateria enquanto executamos jogos, podemos ainda utilizar o “Optimizador de jogos” que ajusta a qualidade do vídeo durante a sua execução.
Um dos hábitos (menos bons, na minha opinião) que a LG mantém, é o de incluir uma série de aplicações próprias pré-instaladas nos smartphones que depois não podem ser desinstaladas. A meu ver, a decisão de ter ou não as aplicações da LG deveria ser do utilizador que, por exemplo, poderia fazer o seu download na PlayStore.
Conclusão: sim, ainda vale a pena!
Ao analisar as características do LG G4, ficamos com clara sensação de que a LG quis incluir no seu smartphone, tudo aquilo que os outros topos de gama não têm.
Características como a bateria amovível e armazenamento expansível são sem dúvida elementos de valor hoje em dia, uma vez que a maioria das grandes marcas prefere sacrifica-las supostamente em nome do design ou qualidade de construção. Com o G4 e o G5, a LG mostra-nos que é possível ter tudo isso sem ter que fazer compromissos.
Com um design curvo e revestido a cabedal, considero que o LG G4 é de facto um smartphone único e muito apetecível do ponto de vista estético e ergonómico. Mesmo passado quase um ano do seu lançamento, o seu hardware continua a ser capaz de executar as tarefas mais exigentes com excelente performance. A experiência com a sua câmara foi a melhor que tive até à data. Por outro lado o seu aspeto mais negativo é sem dúvida a duração da bateria, que apesar de tudo deve durar um dia inteiro com uma utilização moderada.
Portanto se estás à procura de um smartphone de topo mas não queres gastar 700-800€, o LG G4 é das melhores, senão a melhor opção visto que com a chegada do G5, pode ser adquirido por cerca de 350-400€ no mercado nacional. Sem dúvida vale a pena!
Prós:
- Design único e ergonómico
- Boa performance
- Ecrã Quad HD
- Câmara de topo
- Redução de preço
Contras:
- Duração da bateria abaixo do esperado para um topo de gama
- Algum “bloatware” da LG
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