Volkswagen em conversações com a Huawei para adquirir a sua condução autónoma

A indústria de condução autónoma poderá estar a testemunhar a união de dois gigantes. De acordo com uma notícia, a Volkswagen está em conversações com a Huawei para comprar a sua unidade de condução autónoma por milhares de milhões de euros. Contactadas pelos jornalistas, nem a Huawei quis deixar comentários nem a própria Volkswagen. Mas como se costuma dizer, onde há fumo há fogo. Esta não seria a primeira parceria entre estas gigantes, pois já no passado estabeleceram parcerias, a última no ano de 2021.

A fusão resultante será extremamente poderosa. A unidade autónoma da Huawei faz parte da unidade de negócio “smart vehicle solution” da empresa, que foi lançada em 2019. O estabelecimento do smart car BU suscitou muita especulação sobre se a Huawei iria desenvolver os seus próprios carros, embora a empresa tenha repetidamente negado tais planos, alegando, em vez disso, que quer ser a “Bosch da China”, ou um fornecedor de componentes para fabricantes de automóveis.

Huawei quer ser a Bosch da China

Pelo menos até agora, a Huawei parece ter-se agarrado a esta estratégia. No ano passado, a empresa sediada em Shenzhen demonstrou soluções de condução automatizada que foram pré-instaladas num sedan produzido em massa pela Arcfox, uma nova marca de carros elétricos detida pela fabricante automóvel chinesa BAIC. O sistema operativo e SoC para o sedan elétrico foi fornecido pela Huawei.

Isto poderia ajudar a Volkswagen, uma empresa tecnológica com capacidades de condução autónoma, a avançar com as suas ambições de criar os veículos do futuro. Na verdade, a gigante alemã aliou-se à Argo AI, uma startup sediada em Pittsburg, apoiada pela Ford e pela Volkswagen. O primeiro produto da colaboração da dupla, uma carrinha elétrica automobilística, foi revelado em setembro.

Não deverá ser surpresa que a VW esteja à procura de um parceiro tecnológico semelhante na China, que já é, o seu maior mercado desde 2020. A Baidu tem uma joint venture com a Geely, e a Didi tem uma joint venture com a BYD, entre outras empresas de veículos autónomos chineses.

Antigo responsável pela condução autónoma da Huawei muito procurado.

A equipa de AV da Huawei está numa posição precária em resultado da aquisição reportada. Su Jing, o antigo responsável pelo produto de condução autónoma da Huawei, deixou a empresa em janeiro depois de fazer “comentários inapropriados” sobre a Tesla, acusando o seu Autopilot de “matar pessoas”, segundo a Huawei.

O próximo passo do veterano da Huawei tem sido alvo de muita especulação desde a sua partida. O que sabemos é que o Su despreza os “robots taxis”. “Qualquer empresa que veja os “robots taxis como o seu objetivo comercial final está condenada”, disse o executivo numa entrevista no ano passado. As pessoas que trabalham em carros de passageiros serão as que serão capazes de entregar tais veículos. Esse mercado será, sem dúvida, meu, mas ainda não.”

O custo da aquisição do negócio de condução autónoma da Huawei será elevado. Para o ano de 2021, a divisão de carros inteligentes da empresa planeou gastar um total de mil milhões de dólares em investigação e desenvolvimento. Também tinha como objetivo construir uma equipa de I&D de 5.000 pessoas, com mais de 2.000 a trabalhar exclusivamente na condução autónoma.

Volkswagen olha para a China como um bom investimento

A Volkswagen também tinha prosseguido o domínio dos veículos elétricos com algumas das mais recentes parcerias em que tinha entrado. A nova direção na busca do domínio no espaço de condução autónoma parece fazer parte dos objetivos estratégicos do construtor automóvel alemão. A China continua a ser um terreno fértil para os negócios da Volkswagen. Com efeito, foi o maior mercado da empresa desde 2020 e a perspetiva mantém-se brilhante. E o ritmo de desenvolvimento das soluções de condução autónoma tem sido bastante rápido. Recentemente, a AutoX alcançou um marco de 1.000 RoboTaxis implantados em todo o país.