O mercado de smartphones na Europa cresceu 5% em 2024, após quatro anos de declínio. Samsung liderou, mas Apple teve vendas impressionantes no Q4. Saiba mais!
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Mercado de smartphones na Europa regista crescimento em 2024
Após quatro anos consecutivos de quedas, o mercado de smartphones na Europa voltou a crescer em 2024, registando um aumento de 5% face ao período homólogo anterior. De acordo com dados divulgados pela Canalys, foram enviados pouco mais de 136 milhões de dispositivos para o continente, tendo 30% desses equipamentos um valor acima dos 800 euros. Este número revela o interesse crescente dos consumidores por dispositivos premium, que se destacam no segmento mais elevado do mercado.
Samsung e Apple continuam a liderar
Apesar deste panorama geral de recuperação, a Samsung manteve a liderança no mercado europeu em 2024. Ainda assim, a Apple registou um quarto trimestre particularmente forte, impulsionado sobretudo pela excelente receção do iPhone 16, mesmo que este modelo ainda não incorpore a tão aguardada “Apple Intelligence”. O crescimento da Apple, embora ligeiro, demonstra a força da marca em manter o interesse dos consumidores, principalmente no segmento premium.
Procura por smartphones de alta gama
O relatório da Canalys indica que a resiliência da procura por smartphones de alta gama desempenhou um papel essencial no crescimento do mercado. Para além disso, verifica-se agora a renovação dos equipamentos de gama média e baixa que tinham sido comprados durante os anos de pandemia. De acordo com as estatísticas, a Samsung aumentou as suas vendas em 6% relativamente ao ano anterior, enquanto a Apple conseguiu um avanço de 1% nas remessas de iPhones.
Por outro lado, a Xiaomi, o terceiro maior fornecedor de smartphones na Europa, manteve praticamente o mesmo nível de envio de dispositivos. As suas linhas Redmi, Poco e Xiaomi não sofreram grandes alterações de volume em relação a 2023. Já a Motorola registou um notável crescimento de 26%, ao passo que a Oppo aumentou em 13% as suas remessas na Europa (incluindo as da subsidiária OnePlus).
Dispositivos premium: o grande motor de 2024
Um dado interessante do relatório é o facto de 2024 ter sido o ano em que se venderam mais dispositivos premium de sempre na Europa. Ao todo, foram 41 milhões de smartphones com valor acima de 800 euros, representando cerca de 30% dos 136 milhões de unidades enviadas. O volume é calculado com base em remessas e não em vendas efetivas ao consumidor, mas não deixa de evidenciar um apetite crescente pelos modelos topo de gama.
No caso da Apple, o número inclui um reforço no envio de iPhones 13 e iPhones 14 para o mercado, antecipando a descontinuação oficial de alguns modelos em função da diretiva USB-C que entrou em vigor a 28 de dezembro de 2024. Esta diretiva proibiu a venda de dispositivos sem conetor USB-C a partir dessa data, mas permitiu que os retalhistas escoassem o stock pré-existente. Por seu turno, o crescimento da Samsung foi impulsionado pelos esforços de promoção durante os Jogos Olímpicos de Paris em 2024, com destaque para a visibilidade conferida à série Galaxy S24.
Análise por países
Uma análise mais detalhada por países mostra que a Apple mantém uma vantagem considerável no Reino Unido, onde quase 52% das remessas foram iPhones, contra 28% de dispositivos Samsung. Em contrapartida, na Espanha, a Apple desceu para o terceiro lugar, uma vez que a Xiaomi enviou um volume maior de smartphones do que a concorrente sul-coreana. Já a Motorola atingiu um recorde na Europa, fruto da expansão através de canais de mercado aberto e lojas físicas. Entretanto, a Oppo voltou a crescer após dois anos de estagnação, particularmente em países como Espanha, Itália, Roménia e Portugal. Além disso, a Honor e a Realme também registaram avanços de dois dígitos, contribuindo para aumentar a competitividade no mercado e o entusiasmo dos consumidores.
Perspetivas e desafios para 2025
Apesar dos resultados positivos em 2024, as empresas enfrentam um 2025 complexo, marcado pela introdução da Diretiva de Ecodesign, que entra em vigor a 20 de junho. Esta legislação europeia pretende incentivar a indústria móvel a colocar maior ênfase na longevidade, facilidade de reparação e utilização responsável de recursos. Entre as exigências previstas na diretiva, conta-se a obrigação de disponibilizar peças sobressalentes durante vários anos, o prolongamento do suporte de software e a disponibilização de documentação técnica para facilitar reparações por terceiros. Adicionalmente, o foco recairá também em baterias facilmente substituíveis e em sistemas operativos mais sustentáveis.
Para os principais fabricantes, isto representa um desafio significativo. Modelos que até agora não estavam concebidos para serem facilmente reparados poderão carecer de importantes reformulações de design e processos de fabrico, de modo a cumprir os requisitos ambientais e de durabilidade exigidos pela UE. Nesse sentido, as empresas poderão ter de repensar as suas estratégias, focando-se mais em serviços, planos dirigidos ao segmento B2B e na expansão de canais de distribuição alternativos, ao mesmo tempo que procuram novos modelos de negócio capazes de compensar eventuais quebras na faturação relacionadas com um aumento na vida útil dos produtos.
Em síntese, 2024 fica marcado como o ano em que o mercado europeu de smartphones finalmente voltou a crescer, graças a uma forte procura por equipamentos de gama alta e à substituição de dispositivos de gama média e baixa adquiridos em anos de pandemia. No entanto, este crescimento não anula os desafios que a indústria enfrenta já em 2025, quando terá de conciliar as elevadas expetativas de inovação com as rigorosas exigências de sustentabilidade e durabilidade impostas pela nova Diretiva de Ecodesign. Para já, fabricantes como a Samsung, a Apple e a Xiaomi demonstram estar bem posicionados para manter a sua competitividade, mas será interessante ver como cada um se adaptará às mudanças que se avizinham, que podem redefinir o panorama tecnológico e o ciclo de vida dos dispositivos móveis na Europa.