A distopia tecnológica (Opinião)

Tudo visa a transformação do Homem contemporâneo, para que esta religião seja amplamente difundida: desde a meios de transportes, aos meios de comunicação até à forma como escolhemos e pedimos comida. A tecnologia passou a ditar como vivemos, quando vivemos, a que ritmos vivemos. 

Numa perspectiva radical, classificaria a nova Era Tecnológica como uma religião politeísta, em que os smartphones seriam um dos deuses omnipresentes no mundo em desenvolvimento.
Tal como na religião, o Homem seria uma peça de um jogo de tabuleiro com a ânsia exacerbada de querer marcar a sua posição, movimentando-se com um objectivo: a vitória em sobreposição.
A distopia tecnológica (Opinião) 1
Nada disto é novo, as pessoas buscam notoriedade e, em maior ou menor grau, serem vistas, admiradas e compreendidas desde que o mundo é mundo. As redes sociais e os media deram essa possibilidade e a tecnologia tornou-a possível. Existe, contudo um lado negro em qualquer religião. As amarras tecnológicas, de uma forma contraditória, isolaram o ser-humano, dificultando o relacionamento com os outros, extirpando a sua espontaneidade, a sua imaginação, a sua profundidade.
Tudo visa a transformação do Homem contemporâneo, para que esta religião seja amplamente difundida: desde a meios de transportes, aos meios de comunicação até à forma como escolhemos e pedimos comida. A tecnologia passou a ditar como vivemos, quando vivemos, a que ritmos vivemos. Como consequência da automatização e instrumentalização do trabalho, das relações interpessoais e a posição que se projecta no mundo, abolindo a criatividade, o sentimento e a criação original, o ser-humano não sente satisfação em produzir e obriga-se a lampejos rápidos de ímpeto da sua condição humana.
O estímulo de outrora deu lugar à monotonia sem meta, retirando-lhe a pessoalização e tornando-o mais técnico, mais escravo, mais robot. Despojando o Homem da sua liberdade de invenção, condenando-o a uma vida inteira de incapacidade de pensar e sentir, questiona-se se não será um preço muito alto a pagar.
Numa visão futurista, em que o Homem fosse projectado para viver eternamente, combatendo e aniquilando doenças, substituindo partes corporais inabilitadas através da robótica, padeceríamos de outro mal: o vazio existencial. E a tecnologia, ao contrário de outras religiões, não daria uma resposta a esta crise.
Estamos cada vez mais atentos às novidades tecnológicas, sejam smartphones, Smart TV’s, Apps e programas, requisitando o mais rápido, o mais eficiente, o excelente. Mas nesta busca interminável e desgastante, esquecemo-nos de que nós, seres-humanos, somos a maior e a melhor máquina já criada; seja com os seus bugs e erros de programação, algoritmos incompletos e, ainda assim, excepcionais, somos dotados de uma extrema inteligência, vivendo no limbo da razão e do sentimento, da emoção e da subjectividade. E isto é bem mais do que a Inteligência Artificial já conseguiu até hoje.
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