NETFLIX. Globo de Ouro 2019 | As maiores surpresas e injustiças da premiação

A cerimónia dos Globo de Ouro 2019 realizou-se ontem, e apesar de ser uma noite previsível na sua maior parte, tivemos algumas surpresas e injustiças pesadas ao longo da apresentação.

Vejam abaixo os momentos que foram inesperados, tanto para um lado positivo quanto algo negativo.

SURPRESAS

Quem diria. Rami Malek fez um trabalho fantástico ao interpretar Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody, cinebiografia da banda Queen, mas ninguém esperava que de facto fosse vencer. O favorito da categoria era Bradley Cooper, por Nasce Uma Estrela, mas Malek provou que o filme de Bryan Singer tem amor pela HFPA, que ainda o premiou na categoria principal!

Uma das séries mais bem elogiadas do ano passado foi o thriller britânico Segurança em Jogo, e poucos esperavam que o astro Richard Madden saísse vitorioso na categoria, que previa a vitória de Billy Porter. O ator de Game of Thrones fez um trabalho fantástico como o guarda-costas de uma política britânica, podendo usar o seu sotaque irlandês natural, garantindo uma performance extraordinária e digna do prémio.

Quem diria que Michael Douglas iria se reinventar numa série de comédia da Netflix, demonstrando um talento cómico impressionante. O ator ainda conseguiu desbancar nomes de peso como Bill Hader (Barry) e Donald Glover (Atlanta) com o seu trabalho em O Método Kominsky, uma das surpresas da noite.

INJUSTIÇAS

Bohemian Rhapsody não é um filme mau. Mas em comparação com os outros indicados, é uma obra muito inferior, especialmente levando em consideração os seus problemas de produção, as incongruências históricas e a fórmula básica de uma biografia. Nasce Uma Estrela, Infiltrado na Klan e até mesmo Pantera Negra eram vencedores mais dignos.

Glenn Close é uma lenda de Hollywood, e finalmente está encaminhada para ganhar o seu primeiro Oscar. Mas era de se esperar que Lady Gaga fosse reconhecida pelo seu trabalho fenomenal em Nasce Uma Estrela, o tipo de performance que – literalmente – estabelece uma nova estrela para a indústria do cinema, onde Gaga atua tão bem quanto canta. Mas definitivamente veremos a atriz e cantora em mais premiações no futuro.

Uma das surpresas infelizes da noite foi a derrota do texto requintado e inteligente da comédia de humor negro A Favorita, que acabou a perder para Green Book: O Guia, uma trama mais correta e sem pretensões tão grandes quanto o filme de Yorgos Lanthimos. O trabalho do trio por trás de Green Book não é mau, mas muito abaixo do altíssimo nível de A Favorita, que definitivamente era o melhor trabalho de entre os indicados.

Chuck Lorre encontrou um dos seus sucessos mais divertidos em anos ao fazer O Método Kominsky para a Netflix, mas não foi um trabalho à altura da brilhante segunda temporada de The Marvelous Mrs. Maisel, que mantém o mesmo nível de prestígio da primeira temporada.

Após perder também no Emmy a derrota de Donald Glover como melhor ator em Atlanta foi outra surpresa negativa. O ator e cantor continuou mantendo o seu estilo cómico peculiar na segunda temporada de Atlanta, mas alcançou um novo nível de bizarro com a sua sinistra performance em “Teddy Perkins”, onde interpreta um homem branco ao estilo Michael Jackson. Uma boa celebração para o premiado Michael Douglas, mas Atlanta merecia mais destaque.

Em comparação com anos anteriores, a categoria de Melhor Minissérie foi consideravelmente mais fraca, e a segunda temporada de American Crime Story definitivamente não era a melhor escolha. O Assassinato de Gianni Versace empalidece diante da primeira temporada, e o trabalho de Ben Stiller com o drama criminal Escape at Dannemora, é uma narrativa bem mais envolvente e memorável.

Desde os seus segundos iniciais, Penelope Cruz está completamente surreal no vosso retrato de Donatella Versace. Facilmente o melhor papel da sua carreira, contando até mesmo com as suas personagens no cinema. É uma coadjuvante forte numa série povoada por excelentes intérpretes, e merecia ter subido ao palco com Darren Criss.