Neste artigo vão encontrar:
Fábrica da Xiaomi torna-se destino turístico de fim de semana para jovens chineses
O que antes era uma escapadinha de fim de semana para destinos exóticos, está agora a ser substituído por algo totalmente inesperado: visitas à fábrica da Xiaomi. Sim, leu bem. A fábrica da gigante tecnológica chinesa tornou-se o novo “hotspot” para os jovens na China, e a procura é tão alta que os bilhetes gratuitos estão a ser revendidos em plataformas de segunda mão por valores que rondam os 2.000 yuan — cerca de 260 a 280 euros. Isto equivale ao preço de um bilhete para um concerto de topo, o que diz muito sobre esta nova tendência.
Esta explosão de interesse surge na sequência do lançamento do Xiaomi SU7 Ultra, o novo automóvel elétrico da marca que rapidamente se tornou um fenómeno nas redes sociais e em plataformas de e-commerce, com mais de 10.000 pré-encomendas registadas nas primeiras duas horas. O entusiasmo foi tal que dezenas de milhares de pessoas começaram a tentar visitar a fábrica da Xiaomi, num processo de candidatura comparado a um sorteio, dada a sua natureza competitiva.
Visitar uma fábrica como quem visita um parque temático
À primeira vista, pode parecer estranho — afinal, quem é que escolheria visitar uma linha de montagem em vez de ir à praia ou a um parque de diversões? Mas este fenómeno é revelador daquilo que realmente cativa as novas gerações: experiências únicas, imersivas e com um toque de exclusividade tecnológica. A visita à fábrica da Xiaomi não é apenas um passeio; é quase um ritual. E com toda a narrativa de inovação e automação envolvida, é fácil perceber o fascínio.
De acordo com informações da própria Xiaomi, o roteiro da visita inclui 40 minutos numa sala de exposições tecnológicas, onde os visitantes podem conhecer melhor os bastidores do desenvolvimento do Xiaomi SU7, seguidos de 20 minutos na zona de produção. Aí, o destaque vai para a elevada automatização: com apenas cerca de 100 trabalhadores humanos, a fábrica tem capacidade para produzir 20.000 veículos por mês, graças a um impressionante sistema de braços robóticos e máquinas inteligentes.
Além disso, os visitantes podem ainda realizar test drives e observar ao vivo o funcionamento da cadeia de produção — o que é, convenhamos, um verdadeiro prato cheio para os fãs de tecnologia e automóveis.
Uma tendência em crescimento: turismo industrial tecnológico
Este fenómeno encaixa-se numa tendência maior: o turismo industrial, especialmente em torno de marcas tecnológicas de consumo. Já vimos isto acontecer com a Tesla, por exemplo, mas o caso da Xiaomi é especialmente curioso pela rapidez com que tudo escalou. Na primeira ronda de inscrições para visitar a fábrica, houve 4.600 candidaturas — mas só 20 pessoas podiam ser selecionadas por sessão. Ainda assim, muitos jovens mostram-se dispostos a viajar até Pequim e pagar do próprio bolso só para ver a fábrica ao vivo.
Do ponto de vista da Xiaomi, esta procura avassaladora é ouro puro em termos de marketing e fidelização de marca. A empresa conseguiu transformar algo aparentemente banal — uma fábrica — numa experiência aspiracional. Isso não só reforça a imagem da Xiaomi como marca de inovação, como também humaniza o processo de fabrico dos seus produtos e cria uma ligação emocional com os consumidores.
Xiaomi Auto: um sucesso imediato que exige expansão
A Xiaomi Auto não podia ter tido uma entrada mais bem-sucedida no mercado. O volume de encomendas já cobre toda a capacidade de produção para o resto do ano, o que está a exercer uma pressão significativa sobre a infraestrutura existente. Por isso, a marca já está a construir uma segunda fábrica, que deverá entrar em funcionamento entre julho e agosto. Com as duas unidades a operar em simultâneo, a capacidade anual passará para 350.000 veículos.
A minha opinião
Na minha perspetiva, este fenómeno é um reflexo claro de como o branding, a inovação e a experiência do consumidor se tornaram centrais no mundo da tecnologia — e agora também na indústria automóvel. A Xiaomi está a posicionar-se não apenas como fabricante de produtos, mas como criadora de experiências. E isso, para uma geração que valoriza autenticidade e envolvimento direto com as marcas, é uma jogada de mestre.
Ver jovens a quererem visitar uma fábrica como se fosse um local turístico diz muito sobre o futuro do consumo: queremos saber o que está por trás dos produtos, queremos transparência, queremos tecnologia à flor da pele. E a Xiaomi parece saber exatamente como entregar isso.
Leiam as últimas notícias do mundo da tecnologia no Google News , Facebook e Twitter .