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Huawei Pura X estreia-se com Kirin 9020: um passo firme rumo à independência tecnológica
A Huawei revelou esta semana o seu mais recente smartphone, o Huawei Pura X, num evento discreto e com um detalhe curioso: não foi feita qualquer menção ao chipset durante a apresentação. Este silêncio não é novo — a marca tem mantido uma política de não comentar publicamente a situação dos seus SoC, especialmente após as restrições impostas pelos EUA. No entanto, como o dispositivo esteve disponível para experiência prática após o lançamento, rapidamente se confirmou: o Huawei Pura X é alimentado pelo processador Kirin 9020, desenvolvido internamente pela HiSilicon.
Esta revelação vem confirmar aquilo que muitos já suspeitavam: a Huawei continua a apostar seriamente na sua autossuficiência tecnológica, apesar das dificuldades em aceder a tecnologias norte-americanas.
Kirin 9020: o que traz de novo o SoC da Huawei
O Kirin 9020 estreou-se oficialmente em novembro de 2024 com a série Huawei Mate 70, e representa o esforço contínuo da Huawei em manter-se competitiva no segmento dos topos de gama, mesmo com restrições comerciais internacionais.
Este chip é desenvolvido pela HiSilicon, a divisão de semicondutores da Huawei, e utiliza um CPU de 8 núcleos, embora aplicações de leitura de hardware indiquem 12 núcleos — resultado da presença de hyperthreading, uma tecnologia pouco comum no mundo mobile.
A estrutura da CPU é a seguinte:
- 1 núcleo Taishan Big a 2,5 GHz
- 3 núcleos Taishan Mid a 2,15 GHz
- 4 núcleos Cortex-A510 a 1,53 GHz
Os núcleos Taishan são uma aposta da Huawei em designs próprios, embora os quatro núcleos Cortex-A510 sejam baseados em arquitetura ARM, adquirida antes da inclusão da marca na Entity List dos EUA, o que significa que foram licenciados legalmente.
Desempenho e gráficos: promissor, mas com espaço para melhorar
No que toca ao desempenho, os primeiros testes indicam que o CPU do Kirin 9020 consegue competir com os chips de topo da Qualcomm, como o Snapdragon 8 Gen 2. No entanto, é ao nível da GPU que a Huawei ainda não conseguiu atingir o mesmo patamar.
A GPU integrada é a Maleoon 920, também desenvolvida internamente, e funciona até aos 840 MHz. Infelizmente, não foram divulgados detalhes sobre a arquitetura nem sobre o número de unidades de processamento gráfico. Ainda assim, os primeiros contactos indicam que esta GPU apresenta um desempenho ao nível dos chips de gama média, o que poderá limitar o Pura X em tarefas gráficas mais exigentes como jogos ou edição de vídeo intensiva.
Pura X: um flagship discreto, mas ambicioso
A ausência de destaque ao Kirin 9020 durante o evento de lançamento do Huawei Pura X pode ser interpretada de várias formas. Por um lado, mostra a prudência da marca em não alimentar discussões políticas ou tecnológicas desnecessárias. Por outro, sublinha a confiança da Huawei na experiência global do seu novo smartphone, sem depender apenas de especificações técnicas.
Ainda que o Kirin 9020 não seja, no papel, o processador mais poderoso do mercado, representa um passo gigantesco para a Huawei enquanto tenta reconstruir o seu ecossistema tecnológico sem depender de fornecedores externos — algo que, a longo prazo, pode fazer toda a diferença.
Conclusão: a Huawei continua a jogar com inteligência
Do ponto de vista estratégico, este movimento mostra que a Huawei não está apenas a sobreviver — está a reinventar-se. E fá-lo de forma silenciosa, mas eficaz. O Kirin 9020 pode não bater todos os benchmarks, mas o simples facto de existir e ser funcional já é uma vitória significativa para a marca chinesa.
É óbvio que ainda há trabalho a fazer, especialmente ao nível da performance gráfica, mas é igualmente evidente que a Huawei não está a desistir do mercado premium. Pelo contrário — está a construir as bases para regressar em força.
Fica atento ao AndroidGeek.pt para uma análise completa ao Huawei Pura X assim que nos chegar às mãos. Será que este processador caseiro está à altura das promessas? Vamos descobrir em breve.
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