Análise Huawei Y7: a proposta de baixo custo da Huawei

O Huawei Y7 é o mais recente membro da série Y, a linha mais acessível da fabricante chinesa. Tudo indica que será um dos últimos (ou até mesmo o último) smartphone de baixo custo da Huawei, uma vez que a empresa já afirmou que deixará de produzir smartphones desse segmento.

Huawei-Y7

 

Pode ser adquirido por cerca de 200€, o que o coloca numa gama de preço sobrelotada onde a competição é feroz no mercado actual. A Huawei já provou sem dúvida alguma que aprendeu a fazer smartphones de qualidade soberba nos tempos mais recentes, mas será que se esqueceu de como construir um equipamento de baixo custo? Durante duas semanas usei um Huawei Y7 no dia a dia para poder responder a esta e outras questões. Descobre aqui como se portou o Huawei Y7 durante o tempo que passei com ele.

Design

O Huawei Y7 está disponível em três cores: Cinzento, Prateado e Dourado. É constituído por uma traseira não removível de metal e cantos arredondados, que albergam um ecrã de 5.5” com acabamento em 2.5D que lhe confere algum estilo.

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Os bezels laterais são relativamente reduzidos mas em cima e em baixo há um espaço considerável tendo em conta que não há botões capacitivos. O espaço por cima do ecrã é justificado pela presença dos habituais sensores, de um LED de notificações e da câmara frontal.

Em geral o Huawei Y7 tem um aspecto semelhante aos demais smartphones da sua gama de preço, com um design muito chegado ao do Xiaomi Redmi Note 4.

A construção em metal fazem com que seja agradável de manusear, mas as suas dimensões de 153.6 x 76.4 x 8.4 mm tornam difícil o uso com apenas uma mão.

Em baixo encontramos um microfone, uma coluna e a entrada micro-USB. Em cima está a entrada de para phones 3.5” e outro microfone. Os botões de power e volume foram colocados do lado esquerdo, enquanto que à direita apenas se encontra o tabuleiro híbrido para um SIM e um cartão micro-SD ou dois cartões SIM.

Ecrã

O Huawei Y7 vêm equipado com e ecrã de 5.5” IPS LCD com resolução HD (720 x 1280 pixels), que se traduz numa densidade de pixels de 267 ppi. Embora as dimensões deste display convidem o utilizador ao consumo multimédia, a resolução não é a ideal para este tipo de uso. Por outro lado a autonomia e performance agradecem o facto de haver menos pixels para processar.

Na minha opinião pessoal, um ecrã de 5” é o limite para uma boa experiência com resolução 720p. Ecrã maiores que isso deveriam ter uma resolução superior a HD, todavia temos que ter em conta que estamos perante o equipamento de gama média-baixa.

Com uma média de 456 cd/m² o brilho do ecrã é bastante elevado e a reprodução de cores é fiel. Em dias enevoados o huawei Y7 é perfeitamente utilizável no exterior mas já em dias em que o sol brilha mais intensamente, o ecrã reflete bastante criando um obstáculo à sua legibilidade.

Os ângulos de visão deixam um pouco a desejar uma vez que se inclinarmos o equipamento verificamos que o brilho do ecrã diminui consideravelmente em certos ângulos.

Hardware e Performance

Especificações Técnicas
ProcessadorQualcomm MSM8940 Snapdragon 435 Octa-core 1.4 GHz Cortex-A53
Sistema OperativoAndroid 7.0 (Nougat) – EMUI 5.1
Ecrã5.5” IPS LCD 720 x 1280 pixels (267 ppi)
Armazenamento16 GB, expansível até 256 GB via micro-SD
Memória RAM2 GB
Câmara traseira12 MP, f/2.2, autofoco com detecção de fase, flash LED
Câmara frontal8 MP, f/2.0
Bateria4000 mAh, não removível
Dimensões153.6 x 76.4 x 8.4 mm
Peso165 g
RedesGSM / HSPA / LTE
ConectividadeWi-Fi 802.11 b/g/n, Wi-Fi Direct, hotspot

Bluetooth v4.1

GPS

Rádio FM

microUSB v2.0, USB On-The-Go

Com o Huawei Y7 a gigante chinesa decidiu mudar a sua recente abordagem no que diz respeito ao processador optando por um SoC da Qualcomm, o Snapdragon 435, em vez de um chip caseiro (Kirin) como tem sido habitual. O processador usado vem com oito núcleos a 1.4 GHz cada e porta-se relativamente bem nas tarefas quotidianas tendo em conta o segmento de mercado em que o Huawei Y7 se insere. De resto este chip tem sido um dos mais populares do ano em aparelhos de gama média-baixa (a par do Snapdragon 625) estando presente em equipamentos como o BQ Aquaris V, o Xiaomi Redmi 4x ou o LG Q6.

Na minha utilização diária não tive problemas de maior a abrir aplicações e a navegar pelo interface, no entanto esbarrei com algum lag, ocasionalmente, ao usar aplicações mais pesadas como o Facebook e o Messenger. Jogos 2D simples correm sem qualquer problema mas já títulos exigentes graficamente, como War Robots ou Asphalt X revelam-se um grande desafio para a GPU Adreno 505 do Huawei Y7.

As maiores queixas do ponto de vista de performance são relativas aos (apenas) 2 GB de memória RAM do Huawei Y7. Tendo em conta que o interface EMUI 5.1 é bem mais pesado que o Android Stock e que cada vez mais as aplicações tendem a ocupar mais RAM, parece-me insuficiente lançar um smartphone na faixa dos 200€ com apenas 2 GB de RAM. O multitasking do Huawei Y7 é sofrível e dificilmente se consegue manter várias aplicações em memória. Esperava mais da Huawei, ainda para mais tendo em conta que grande parte da concorrência tem 3 GB de RAM. Vejamos por exemplo os casos do BQ Aquaris V ou do Samsung Galaxy J7, ambos testados por nós recentemente, que apresentam mais RAM e consequentemente melhor performance e multitasking por sensivelmente o mesmo preço.

Nos habituais teste de benchmark o Huawei Y7 marcou 43062 pontos no Antutu, 638 pontos no Geekbench single-core e 2645 no multi-core da mesma aplicação. Todos estes testes estão em linha com o esperado, ou seja uma performance medíocre, longe da de um topo de gama mas que provavelmente é suficiente para maior parte dos utilizadores que procuram um smartphone a preço acessível.

Outro aspecto em que o Huawei Y7 perde claramente para a concorrência é na ausência de um sensor de impressões digitais. Mais uma vez considero inadmissível que em 2017 uma marca de renome como a Huawei lance um smartphone por 200€, que não vem equipado com um sensor ID. É fácil encontrar equipamentos da mesma gama com sensor de ID com a comparação a recair mais uma vez sobre Aquaris V da BQ que vem equipado com um sensor de ID de excelente qualidade, pelo mesmo preço! 

Software e Interface

O Huawei Y7 corre Android 7 Nougat de fábrica com a sua própria máscara customizada chamada EMUI, na versão 5.1. Apesar de estarmos perante uma versão de Android recente, o patch de segurança é apenas de Julho, o que quer dizer que estamos quase com 5 meses de atraso e a Huawei não é conhecida por actualizar os seus aparelhos de gama mais baixa.

Embora o Huawei Y7 venha com uma versão personalizada de Android, a EMUI 5.1, o seu interface não é demasiado complexo. Para quem não sabe, a abordagem da Huawei ao Android começou por ser algo “iphonesca” mas aos poucos a tendência tem sido para a EMUI se aproximar cada vez mais do Android puro e por isso é bastante fácil encontrar o que se pretende através dos menus do smartphone.

O sistema operativo vem com várias aplicações da Huawei pré-instaladas e a empresa disponibiliza também um vasto leque de ferramentas desde a lanterna, ferramentas de manutenção, até à sua aplicação de monitorização de saúde. Infelizmente no conjunto de aplicações pré-instaladas há outras que não considero tão úteis (booking.com, runtastic, ReinoDisney, Little Big City, top Games), mas isso dependerá do gosto de cada um. A boa notícia é que quase todas podem ser desinstaladas.

O EMUI 5.1 confere ao Huawei Y7 alguns extras em relação ao Android puro e assim temos a possibilidade de configurar os botões virtuais, activar ou desactivar a gaveta de aplicações, reduzir a área útil do ecrã para poder operar o UI com uma mão ou ainda aplicar temas diferentes ao interface através da loja de temas a Huawei.

Câmara

Com uma câmara traseira de 12 MP e um sensor de 1.25μm pixels, o Huawei Y7 tem uma abordagem poderosa ao capítulo da fotografia em smartphones de baixo-custo. A grande superfície do sensor permite a entrada de mais luz, o que melhora consideravelmente os resultados possíveis em ambientes com pouca iluminação. Temos também um bocadinho de tecnologia de ponta presente na câmara do Y7 sob a forma de autofoco de detecção de fase que faz com que o foco dos objectos seja rápido e preciso.

Análise Huawei Y7: a proposta de baixo custo da Huawei 24

Na prática a câmara traseira tira fotos decentes e com boa reprodução de cor, no entanto há uma tendência constante para a sobre-exposição, o que faz com que as áreas mais claras da fotografia se tornem facilmente demasiado claras. Já na gravação de vídeo (a um máximo de 1080p) a exposição parece ser mais equilibrada. Em ambientes com pouca luz a performance é claramente superior à da concorrência. Claro que não obtemos fotos com a qualidade de um Samsung Galaxy S8 ou de um Huawei Mate 10, mas em geral as imagens são precisas e têm relativamente pouco ruído.

A câmara frontal capta imagens com cores bastante naturais e bom detalhe mas sofre do mesmo mal que a câmara traseira em relação à exposição, uma vez que com bastante frequência as áreas mais claras ficam demasiado brilhantes.

Tal como a maioria dos smartphones da Huawei, o Y7 vem com uma aplicação de câmara recheada de diferentes modos de fotografia. Embora o resultado seja bem diferente daquilo que os topo de gama da marca conseguem fazer, o Y7 oferece ainda assim excelentes funções, fáceis de utilizar que fazem a sua câmara mais completa que a maioria dos smartphones low-cost.

Aqui ficam algumas amostras de fotos captadas com a câmara traseira do Huawei Y7:

Bateria

É na autonomia que o Huawei Y7 verdadeiramente brilha. A sua gigante bateria de alta densidade com 4000 mAh é maior que a de sensivelmente 90% dos smartphones do mercado actual. Esta capacidade aliada ao ecrã de 720p e à tecnologia de poupança energética da Huawei conferem ao smartphone uma autonomia invejável.

Em repouso, com o ecrã desligado o consumo de bateria é mínimo fruto das optimizações de software da marca. Com o meu uso habitual, à base de chats, consultas nas redes sociais e no browser, meia dúzia de fotos e 1h30 a 2h de jogos a bateria do Huawei Y7 durou para dois dias de trabalho, com o tempo de ecrã ligado a chegar muito perto das 5h.

Infelizmente não está presente tecnologia de carregamento rápido, o que quer dizer que com uma bateria destas dimensões, o Y7 demora cerca de 2h a carregar completamente.

Conclusão

Considero que o Huawei Y7 deixou um sabor agri-doce. Por um lado as imagens captadas pela câmara principal tem boa qualidade, a reprodução de cores é natural e a performance com pouca luz até surpreende. A bateria massiva de 4000 mAh é sem dúvida o ponto mais alto deste aparelho que dificilmente deixará os seus utilizadores desiludidos.

Por outro lado, a ausência de sensor de impressões digital e a fraca performance no multitasking causado pelos (curtos) 2 GB de RAM podem ser um deal breaker para muitos.

Por cerca de 200€, o Huawei Y7 fica um pouco aquém das expectativas principalmente quando comparado com alguns dos seus concorrentes directos. Já aqui referi que há alternativas bem melhores nessa faixa de preço que têm tudo aquilo que falta ao Huawei Y7, em especial o BQ Aquaris V e o Samsung Galaxy J7 (este último por mais uns euros). Não podemos também esquecer que recentemente a Xiaomi entrou de forma oficial no mercado espanhol com preços muito competitivos. Será por isso uma questão de tempo até chegar ao nosso país com toda a sua armada especializada em preços baixos e elevada qualidade.

Pros:

  • Câmara traseira com boa performance low-light
  • Excelente autonomia com uma bateria de 4000 mAh
  • Snapdragon 435 com boa performance

 

Contras:

  • Apenas 2 GB de RAM → multitasking fraco
  • Ausência de sensor de impressão digital
  • Quantidade considerável de bloatware pré-instalado
  • Resolução de ecrã baixa (720p) para um ecrã de 5.5”
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