Análise Blackberry Key2 LE. Todo o estilo por metade do preço

O Blackberry Key2 LE foi lançado na IFA deste ano em Berlim e oferece uma experiência diferente, com teclado QWERTY físico, a um preço mais acessível que os seus antecessores. A opinião relativa ao modelo anterior é unânime:

O Blackberry Key2 LE foi lançado na IFA deste ano em Berlim e oferece uma experiência diferente, com teclado QWERTY físico, a um preço mais acessível que os seus antecessores. A opinião relativa ao modelo anterior é unânime: o Key2 foi considerado como tendo um preço quase proibitivo. Pois bem, parece que a Blackberry deu ouvidos à comunidade e decidiu lançar um modelo mais modesto em termos de especificações mas também com um preço mais simpático.

Design Blackberry Key2 LE

Blackberry

Do ponto de vista de design, o Blackberry Key2 LE herdou bastante do seu “irmão” mais caro mas também houve mudanças, nomeadamente ao nível dos materiais. No Key2 LE o plástico substitui o metal na moldura à volta do aparelho e a sua forma geral é ligeiramente mais arredondada que a do modelo anterior. Ainda assim mantém um formato mais recto que a maioria dos smartphones hoje em dia. A traseira do smartphone volta a ser revestida por uma camada de borracha que confere suavidade ao toque e uma óptima pega.

Apesar de a escolha ter recaído em materiais mais modestos, o Key2 LE apresenta excelente qualidade de construção e até perdeu umas gramas (12g para ser preciso) em relação ao modelo mais caro. Em geral é bastante confortável de manusear.

USB-C é o tipo de porta escolhida para carregar o aparelho e está localizada em baixo, juntamente com uma coluna e um microfone. O lado direito é preenchido por três botões: ao meio fica o botão de power com uma textura que permite distingui-lo dos outros, por cima temos o controlo de volume e por baixo a tecla de conveniência da Blackberry. Por defeito este botão abre o assistente do Google, mas também pode ser programado para abrir outra aplicação à escolha de acordo com vários perfis.

É com agrado que na parte de cima do telefone encontramos o orifício para fones de 3,5mm, uma autêntica “espécie” em vias de extinção nos dias que correm. A lateral do Key2 LE alberga o tabuleiro para um cartão SIM e um micro-SD. A navegação pelo sistema operativo é feita através de três teclas capacitivas situadas entre o ecrã e o teclado.

Como já devem ter percebido, a grande atracção deste smartphone continua a ser o seu teclado físico que é marginalmente mais pequeno que o do Key2 mas ainda 10% maior que o do KeyOne. As teclas são retro iluminadas e o sensor de impressões digitais está “escondido” na tecla do espaço.

Ecrã Blackberry Key2 LE

 

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Quanto ao ecrã, as diferenças entre o Key2 LE e o Key2 são inexistentes. Ambos têm um ecrã IPS LCD de 4,5” com resolução Full HD, protegido com Gorilla Glass. Se à partida o tamanho de ecrã vos parece pequeno, é porque na realidade o é. Numa altura em que praticamente todos os fabricantes tentam encaixar o máximo de ecrã possível no corpo dos smartphones, encurtando molduras e implementando entalhes, esta aposta da Blackberry é completamente contra a corrente. Torna-se claro que o teclado físico “rouba” uma enorme fatia ao ecrã, resultando num formato pouco ortodoxo de 3:2.

Enquanto usamos o telefone na orientação de retrato, o impacto deste formato 3:2 não é negativo, pelo contrário até se torna útil para consultar documentos, navegar no browser e ler e-mails. É no consumo multimédia que de facto se nota o défice no tamanho e formato do ecrã. Para quem passa bastante tempo a ver vídeos ou a jogar no smartphone será difícil ter uma experiência ao nível do que se consegue com ecrãs convencionais. Por exemplo, a utilização de serviços como Netflix ou o Youtube torna-se pouco agradável devido à presença de duas barras pretas enormes em cima e em baixo, cuja função é acomodar a imagem no formato de 3:2. No caso dos jogos em orientação de paisagem, o teclado acaba por atrapalhar um pouco a chegada dos dedos ao ecrã.

Em relação ao ecrã em si, é bastante brilhante (mesmo directamente sobre a luz solar), nítido e apresenta cores muito agradáveis para um painel IPS. Os ângulos de visão poderiam ser um pouco melhores, uma vez que há uma diminuição assinalável no brilho e na legibilidade quando olhamos para o ecrã de lado.

Performance Blackberry Key2 LE

Características Técnicas
SoC
CPU: Qualcomm SDM636 Snapdragon 636 (Octa-core 1.8 GHz Kryo 260)

GPU: Adreno 509

Sistema Operativo
Android 8.1 (Oreo)
Ecrã
IPS LCD 4.5” 1080 x 1620 px (434 ppp)
Armazenamento
32/64 GB; expansível via microSD até 256 GB
Memória RAM
4 GB
Câmara traseira
13 MP, f/2.2, PDAF + 5 MP, f/2.4
Câmara frontal
8 MP
Bateria
3000 mAh (não removível)
Dimensões
150.3 x 71.8 x 8.4 mm
Peso
156 g
Rede
GSM / HSPA / LTE
Conectividade
Wi-Fi 802.11 а/b/g/n/ac, dual-band, WiFi Direct, hotspot

Bluetooth 5.0

GPS

NFC

Rádio FM

microUSB 2.0, tipo-C, OTG

Single SIM (nano-SIM)

 

Debaixo do capot o Blackberry Key2 LE vem equipado com o SoC Snapdragon 636 da Qualcomm. Trata-se de um chip de gama média que assenta confortavelmente num aparelho da mesma gama. Os seus oito núcleos juntamente com 4 GB de RAM conseguem uma performance bastante eficiente, através de um bom equilíbrio entre potência e autonomia.

Durante o tempo que passei com o smartphone não tive grandes razões de queixa do seu desempenho. A navegação pelo interface e entre aplicações é suave, ficando a sensação que o Key2 LE tem capacidade para lidar com qualquer tipo de tarefa hoje em dia, em Android. É também nesse sentido que apontam os resultados dos testes de benchmark que corremos. No Geekbench 4 o Key2 LE conseguiu 1343 pontos em single-core e 4962 em multi-core. Já o Antutu marcou 116027. São resultados perfeitamente enquadrados com uma gama intermédia e ligeiramente inferiores aos do Blackberry Key2, que vem equipado com o Snapdragon 660.

A experiência com jogos 3D, nomeadamente com o Shadow Fight 3 e o Asphalt 9 é bastante sólida. Embora não seja possível correr estes títulos com as definições gráficas no máximo, são perfeitamente jogáveis sem lag. Claro que não é possível tirar o melhor partido da sua jogabilidade devido ao peculiar formato de ecrã e teclado físico.

As opções de 32GB ou 64GB de armazenamento e expansão até 256GB via micro-USB são adequadas e dão ao utilizador bastante espaço de manobra, embora já haja no mercado equipamentos mais baratos com 64GB de memória interna.

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Em relação ao teclado, há algumas diferenças para o modelo standard (o Key2). As teclas retro iluminadas são um pouco mais pequenas e menos robustas. Inexplicavelmente a Blackberry decidiu não incluir no Key2 LE uma das funções mais úteis do teclado do Key2, que é a de poder fazer scroll deslizando com o dedo pelas teclas físicas. Já a opção de atribuir atalhos a qualquer tecla manteve-se. Tal como referimos nas análises a outros aparelhos da marca com teclado físico, é necessário passar por uma curva de aprendizagem até se conseguir escrever longos textos com rapidez e baixa taxa de erros.

Software e Interface Blackberry Key2 LE

A aquisição da Blackberry por parte da TCL, em 2016, marcou o abandono do SO proprietário da Blackberry em favor do nosso tão aclamado Android .O Key2 LE vem com Android 8.1 Oreo de fábrica e uma interface muito próxima da idealizada pela Google. As diferenças para o Android puro são ligeiras mas, em geral, amplificam a produtividade do utilizador.

O famoso Blackberry Hub está presente e reúne todo o tipo de mensagens numa só app. A aplicação DTEK monitoriza continuamente o estado do telefone do ponto de vista de segurança e até sugere acções apropriadas. A privacidade do utilizador continua a ser uma das prioridades da companhia que para isso desenvolveu duas aplicações: o Redactor que permite cobrir informação sensível no ecrã com barras pretas, para depois ser possível enviar screenshots com esses dados protegidos; e o Privacy Shade que tem uma função semelhante mas através de um método diferente – deixa à mostra apenas uma parte do ecrã escurecendo o resto, de modo a evitar os olhares mais curiosos. A aplicação Locker dá a possibilidade de trancar com password conteúdo de carácter pessoal, como fotos, vídeos, ficheiros e até outras aplicações.

Câmara Blackberry Key2 LE

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Ao longo dos anos a Blackberry nunca foi conhecida por fabricar smartphones com câmaras extraordinárias, e isso permanece igual nos dias de hoje.

O Blackberry Key2 LE vem equipado com um sistema de dupla câmara, composto por um sensor de 13MP f/2.2 auxiliado por outro de 5MP f/2.4. Em ambientes com luz abundante este conjunto é capaz de produzir boas fotografias, com cores precisas e detalhe q.b., embora tenha havido ocasiões em que as imagens ficaram com algum grão, apesar da boa iluminação. A implementação do modo HDR automático não produz resultados tão bons como no Key2 mas ainda assim considero que quando não é usado a qualidade geral das imagens diminui.

As fotos tiradas à noite ou com pouca luz apresentam bastante ruído e a focagem automática deixa a desejar, no entanto com algum engenho e focagem manual conseguem-se resultados minimamente decentes. Não será portanto um aparelho adequado para quem prefere apenas apontar e disparar. O modo bokeh também está presente, como seria de esperar face à presença do sensor secundário mas, tal como no Key2, não é das melhores versões que já encontrámos.Muitas vezes os limites do objecto de foco confundem-se com o fundo desfocado e, quando isso não acontece, as fotos ficam com um tom demasiado artificial.

As selfies ficam a cargo de um sensor de 8MP, sem auto-foco.Os resultados são muito semelhantes aos da câmara frontal do Key2, isto é, estão longe de impressionar. Regra geral, raramente conseguimos uma selfie com boa exposição, ficam demasiado claras ou demasiado escuras.

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O interface é pouco intuitivo. Não há uma opção dedicada para o vídeo, para começar a gravar é preciso aceder ao menu de modos. O modo manual está escondido nas definições da câmara. Um ponto positivo é o facto de podermos usar a barra de espaço como botão para captar.

Bateria

O Blackberry Key2 LE vem como uma bateria de 3000mAh, que é consideravelmente mais pequena que a do Key2 com 3500mAh. Apesar da inferior capacidade, é suficiente para um dia inteiro de utilização.

Como já frisamos mais do que uma vez, este telefone não é propriamente virado para consumo multimédia nem para jogos e, em geral, são esse tipo de aplicações que consomem mais bateria nos smartphones hoje em dia. Assim, os 3000mAh acabam por ser adequados a uma utilização à base de produtividade – o verdadeiro propósito de um smartphone com este.

Com uma utilização diária à base de chats, navegação nas redes sociais e no browser, 2h de streaming de vídeo ou música e 1h de jogos 3D, cheguei ao fim do dia com cerca de 15%, em média. O tempo de ecrã ligado andou sempre entre as 4h30 e as 5h.

A Blackberry incluiu um modo de carregamento optimizado que minimiza a utilização de energia quando o telefone está ligado à corrente. O Quick Charge 3.0 da Qualcomm também é suportado e consegue repor 50% da bateria em pouco mais de 30 minutos.

Conclusão

Há muito que os telefones da Blackberry são considerados como um produto destinado a um nicho de mercado. A integração com o SO Android não veio mudar isso e assim,o Key LE, tal como o Key2, são smartphones para quem gosta de aparelhos diferentes ou cujas necessidades do ponto de vista de segurança e privacidade são mais particulares.

Não sendo um topo de gama do ponto de vista de performance nem de qualidade das câmaras é, na minha opinião, uma opção mais válida do que o Key2 muito por força do seu preço mais apelativo. As grandes qualidades que a Blackberry trás para o Android continuam presentes no Key2 LE que não sendo um aparelho melhor que o anterior, apresenta sem dúvida uma melhor relação qualidade preço.

O Blackberry Key2 LE está disponível através de e-commerce da marca e o preço é de 399€ para o modelo de 32GB e 429€ para a versão de 64GB de armazenamento.

Pros:
  • Performance sólida
  • Boa qualidade de construção
  • Aplicações de privacidade e segurança uteis
Contras:
  • Câmara medíocre
  • Ecrã demasiado pequeno para consumo multimédia
  • Proporção 3:2 do ecrã incompatível com algumas aplicações
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