Análise ZUK Z2 Será apenas um processador topo de gama?

O Z2 foi apresentado, no já distante mês de Maio de 2016, por uma das marcas ligadas à Lenovo, a ZUK, como uma versão mais barata do flagship da marca, o ZUK Z2 Pro. Nessa altura o seu maior trunfo era o facto de possuir um processador topo de gama (o Snapdragon 820) e custar menos de 300$, mas infelizmente vários problemas de software derivados de uma ROM ainda muito “verde” impediram que se tornasse um êxito. Será o ZUK, passado todo este tempo, um smartphone pronto a colher?

Características

  • 68.9mm x 141.7mm x 8.5mm
  • Ecrã 5” LCD IPS, Full HD, 2.5D
  • 157.78gr (com vidro temperado instalado)
  • Traseira em vidro, moldura metálica
  • Processador Snapdragon 820, Quad-Core a 2.15GHz
  • 4GB RAM + 64GB ROM (não expansível)
  • Câmara principal de 13mpx + câmara frontal de 8mpx
  • Dual nano SIM
  • Bateria 3500 mAh
  • Sensor de impressão digital frontal
  • USB Tipo C
  • Android 7.0 Nougat

 

Hardware

Em termos de design o ZUK apresenta um “look” muito simples: em cima e à esquerda a moldura está “vazia”, deixando os botões On/Off e de volume para o lado esquerdo e a entrada USB Tipo C, coluna e microfone principal e ainda a entrada para o jack 3.5mm para a porção inferior. A traseira em vidro apresenta em baixo o logo da marca e no canto superior esquerdo a câmara, flash e microfone secundário. À frente encontramos o botão multifunções em baixo e a câmara secundária, sensores e coluna em cima.

É bastante agradável ao toque mas infelizmente é ligeiramente mais grosso do que eu esperava. Eu tenho utilizado como proteção um bumper em alumínio que apenas acrescenta uns mm às laterias, mas que em junção à espessura, compromete ligeiramente a utilização com apenas 1 mão (o que não acontece com uma capa standard de TPU/Silicone).

Das suas características a minha preferida é o seu botão central multifunções, que actua como Back, Home, Aplicação Recentes e Leitor de Impressões digitais.

Para desbloquear o smartphone basta encostar o dedo ao sensor, o processo é quase instantâneo e no dia-a-dia funciona quase na perfeição. Infelizmente notei que com o modo de Poupança de Bateria ligado ou no caso de termos o dedo ou o sensor ligeiramente húmidos, a % de reconhecimento desce a pique – é a única grande falha que encontro neste smartphone – mas apesar de tudo é contornável.

As restantes funções são personalizáveis no menu de opções, mas tenho de frisar que utilizar o “deslizar para a direita” para aceder à aplicação anterior é o melhor sistema que alguma vez utilizei, num smartphone, para este efeito, tendo aumentado exponencialmente a facilidade com que faço multitasking!

Software

Uma vez que este é o capítulo mais sensível deste smartphone decidi utilizá-lo com a ROM que está mais acessível a todos os possíveis compradores do aparelho, a Chinese Stock ROM, atualmente a correr de forma oficial o Android 7.0 Nougat. Dado que esta Rom apenas tem como línguas disponíveis o Inglês e o Chinês, a maioria das lojas (cof cof Gearbest cof cof) instala uma ROM manhosa com Português, mas que infelizmente tem muitos problemas e que não permite a utilização do smartphone na sua totalidade. Mas não se assustem, o processo de mudança para a ROM que eu utilizei é muito simples. Se seguirem cuidadosamente os tutoriais existentes, em cerca de 15 min têm a ROM mudada, faltando apenas colocar a língua em Inglês (existem vídeos de 30s no Youtube que vos podem guiar) e instalar as aplicações da Google. Para este último passo apenas precisam de abrir a aplicação App Center, pesquisar por Google, e instalar as aplicações da Google que precisam – aconselho as 3 primeiras que vos aparecem – e pronto, têm o telefone pronto a utilizar.

A ROM chinesa é mesmo muito simples, há quem lhe chame inacabada, mas apesar disto não apresenta qualquer bug e tem todas as funções que um utilizador normal precisa no seu dia-a-dia. Se isto não for suficiente – e como estamos no fantástico sistema Android e este smartphone é já bastante famoso – e caso queiram uma ROM mais “completa”, como por exemplo a CyanogenROM (Lineage OS), existem já várias Custom ROMs disponíveis para explorarem à vossa conta e risco.

O ZUI é bastante linear e acessível a qualquer utilizador, com o acréscimo de que o acesso aos “toggles” Wi-FI, Dados e afins se faz arrastando o dedo de baixo para cima na porção inferior do ecrã, não ter uma gaveta de aplicação (como a maioria as UI chinesas) e apresentar todas as aplicações no ecrã principal. A chegada do Android 7.0 Nougat não acrescentou nada de especial, com exceção da capacidade de utilizar “Split-Screen” – que funciona com a maioria das aplicações, mas não com jogos – e de Gravação de Ecrã.

Ao contrário da maioria das marcas chinesas a ZUK não disponibiliza muitos Temas, e portanto, se esta for uma característica importante terão de mudar de Launcher. Para além disto aconselho que façam o download de aplicações de mensagens, calendário e leitor de música uma vez que as pré-instaladas são fraquinhas.

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(Split-Screen)

(Menu de opções)

 

Conectividade

O desempenho como telefone é o esperado, o 3G e 4G portam-se bem, tal como o GPS, Wi-Fi e qualidade das chamadas. A minha única queixa tem haver com as chamadas em alta voz, aqui o volume máximo e o microfone deixam um bocado a desejar.

 

Bateria

O que o ZUK Z2 faz com 3500mAh é absolutamente extraordinário, antes da chegada do Android Nougat eu conseguia ter, com uma utilização moderada (jogos simples, redes sociais e browsing), dois dias de bateria com 6h de ecrã. Em duas ocasiões consegui mesmo três dias de bateria! Com o update o meu SOT desceu ligeiramente, mas mesmo assim, com uma utilização contida (~4h de ecrã ligado) é possível chegar ao fim do segundo dia de utilização. Mesmo em dias em que abusei do smartphone (com muito tempo de jogos pesados) consegui chegar ao fim do dia com 3-4h de ecrã.

Apesar desta diferença acredito que podemos esperar melhorias com o próximo update, uma vez que na teoria o Android Nougat deveria trazer melhorias a nível de bateria graças a um Doze otimizado. Quando precisarem de o carregar, podem contar com cerca de 1h30 para atingirem os 100%.

 

Câmara

A câmara deste smartphone não é topo de gama mas é perfeitamente satisfatória para um utilizador normal, estando ao nível dos gama-média da Xiaomi (Redmi 3 Pro e afins). A chegada do Android Nougat deu-lhe um interface melhorado e uma qualidade de imagem ligeiramente melhorada.

A aplicação padrão disponibiliza uma série de filtros como “Food” ou “Greyscale”, as habituais HDR ou panorâmica e ainda a possibilidade de filmar a 1080p com ambas as câmaras. O sensor traseiro de 13mpx permite ainda gravar em Time-Lapse ou Câmara Lenta a 120, 240 ou 960fps. Infelizmente em Câmara Lenta a qualidade de imagem desce significativamente.

Podem ver a qualidade da gravação neste link (a partir do minuto 02:17) e várias amostras de fotografias na sua resolução original aqui.

Performance

A performance deste smartphone é tudo aquilo que se pode esperar de um aparelho com o Snapdragon 820, o que na realidade quer dizer que é tudo aquilo podem desejar num smartphone. Podem jogar qualquer jogo na Play Store sem qualquer problema (e sem dúvida que poderão continuar a fazê-lo nos próximos anos).

Para por o processador à prova fiz uma comparação lado a lado com um Samsung Galaxy S7 Edge: escolhi dois jogos bastante pesados (Asphalt Xtreme e Dead Trigger 2) e cronometrei o tempo entre carregar no ícone e o momento em que comecei efetivamente a jogar (início de uma corrida e início de uma missão, respetivamente). Em ambos os casos o ZUK foi ligeiramente mais lento, por 7s no Dead Trigger 2 e por 21s no Asphalt. Apesar de no segundo caso a diferença já ser considerável, o desempenho “in game” acabou por ser equiparável em termos de fluidez em ambos os jogos. Não esquecendo que estamos a comparar um smartphone de <200€ com um de 800€, cada um poderá tirar as suas conclusões.

Para quem gosta de benchmarks aqui ficam os resultados obtidos no Antutu, GeekBench e 3D Mark.

Os 4GB de RAM são bem geridos o que permite um multitasking espetacular, se a isto juntarem as funções do botão central, vão conseguir saltar entre aplicações a grande velocidade. Aquele que era apontado como o grande trunfo deste aparelho, o seu processador, não desilude. Se quiserem ver como se porta a correr quatro dos jogos mais pesados que se encontram neste momento na Play Store podem faze-lo aqui, a partir do minuto 07:12.

 

Conclusão

Apesar de tanto o smartphone como o processador aqui presentes (ZUK Z2 e Snapdragon 820) não serem os flagships das respetivas marcas, ambos se portam como tal. Este é o smartphone mais barato do mercado com um processador Snapdragon 820, mas não se deixem enganar pelo baixo preço, estão a adquirir um aparelho robusto e que se porta muito bem em todos os campos.

Tem sido o meu smartphone diário nos últimos 2 meses, e mesmo não sendo eu um utilizador simpático (estou sempre a instalar e desinstalar aplicações) só me lembro de ter achado necessário reiniciá-lo 1 vez, e nem foi por ter bloqueado, foi só porque me pareceu que estava ligeiramente mais lento que o habitual.

No fim de contas, por menos de 200€ conseguem um smartphone compacto, com uma construção de qualidade, bateria para 2 dias, software simples mas estável e uma performance topo de gama. Apenas a câmara está ao nível de um smartphone deste preço, tudo o resto superou as minhas espectativas!

Deixem qualquer dúvida nos comentários em baixo.

Até à minha próxima análise na AndroidGeek ou no meu canal TasaReviews.

Duarte Neves Lima

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